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Foto do escritorYuri Cidade

Social suicídio marginal

Eu morri. No dia em que tomei conta da realidade, me suicidei. Resolvi desmantelar todo o caos que se forma ao meu redor. O som e a fúria da vida que te racha em dois, te obriga a exercer um papel que se faça condizer com o geral. Mundo animal, esquecido e ocultado pelo mundo real. Vítima fatal de um sistema puramente desigual. Seu psicológico nada mais é do que um padrão lógico. Marginalizam ócio e a esperança é fóssil. Barcos de papel servem de botes salva-vidas para aqueles que tentam fugir à regra. Sem trégua. Perseguidos e consumidos feito bruxas na santa inquisição. Eterna escravidão. Santo e demônio são nomes diferentes para o mesmo substantivo: opressão. Por ato ou omissão, puramente se obriga a ser o que é aceito, controle perfeito, o diferente que siga o leito de um outro rio que desaguará no esgoto. Alto imposto, renda baixa, procure sua caixa e assine sua faixa de mero perdedor. Eterno torcedor. Sofredor. Mania de competição humana, fazendo até dos mais simples atos uma superfaturada final de copa. Pau pra toda obra em um ninho de cobras. Ódio transborda. Siga sua rota. Se a fome existe, por que pobre engorda? O Tapa na cara diário não é em meio a uma transa selvagem. É o seu estupro cotidiano por se negar a ser miragem. Importante é vantagem. Vários canos e o mesmo mar. Salve Mariana, que já não pode mais amar. Tudo é fim, nada é meio e não há culpados. No planalto, só os ratos fazendo a festa na ausência do gato que está a abrir latas lixo mendigando o próximo prato. Reveja os fatos: Carnificina canibalista social em cada malabarista de sinal. Filhos do amanhã, pois hoje resta só a esperança de um dia melhor. Mas tudo que é ruim, fica pior, pois temos que encarar tudo com um sorriso. Sínico! Psicótico! Desesperado por ter esperado tempo de mais pra viver. O que fazer? Por que fazer? Coração de aço, fuzil na mão e no bolso um maço. Morre sem nascer. Oprimido e jovem, o tempo dissolve sua essência, e de oportunidade te dá a indecência de sobreviver. Desculpas jamais fecharão feridas. Estão todas expostas na sua cara, mas talvez prefira simplesmente tomar sua morfina televisionada e pouco se foder pra vida alheia. Estamos presos na teia. Na qual o sistema é aranha e já nos rodeia para o próximo lanche. Sem chance. Viúva negra, devora seus próprios filhos. Amarrados aos trilhos, servimos de enfeite pra sala do deputado honrado que nos caçou feito um macaco. Extintos há mais de anos, só ignoramos o fim dos seres humanos na ilusão de estarmos no controle de nossos próprios planos.

Yuri Cidade

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