Elas choram. E como choram! Sentadas à beira da cama, elas se trancam em si mesmas e choram, pois não podem andar livremente pelo próprio mundo. Afinal, elas são as culpadas disso tudo. Culpadas pelo simples fato de existirem. Sem jeitos, e apenas trejeitos de uma inocência voraz, disfarçam a fúria e a força que corre no seu sangue. Aliás, nascem guerreiras. Vem ao mundo predestinadas a lutar contra a mais cotidiana das situações: Viver. São mais fortes do que pensam. Do que todos pensam, pois elas pensam! Refletem tudo antes de qualquer situação, e encaram a criação não como uma obra divina, onde tudo é regido por uma força cósmica ou um Deus extraterrestre. Elas são as donas da criação. Elas criaram a mim, você, o país, o continente, o mundo. Criaram cada um no seu colo e os amamentaram no seu seio, sendo muitas vezes capazes de abdicar da própria vida, pra ver seu sorriso. Jamais se entregaram, a não ser ao amor. Carregam o peso do mundo nas costas e nas curvas delicadas do próprio corpo. Corpo este que por muitas vezes é motivo de desrespeito simplesmente porque é bonito e próprio. Impróprio seria esconder-se atrás das divagações de uma sociedade antiquada e reacionária que julga a todos pelo que carregam entre as pernas. Seja homem! Não! Não seja! Seja mulher! Seja você. Seja quem você quiser ser. Não será apenas mais uma. Será mais uma forte integrante do exército resistente em busca do equilíbrio. Não querem ser mais. Querem apenas a igualdade, e a felicidade que todos buscam.
Dentro de cada uma existe a sabedoria de amar e se impor. Quanto mais convivo ao meio delas, mais eu vejo o quão sortudos somos nós de termos uma mulher como genitora. Do quão é importante ter a presença feminina no desenvolvimento de um caráter. Antes de qualquer coisa, simplesmente olhai para vossas mães. Que literalmente lhe deram o sangue. Lhe deram alimento. E muitas vezes calaram-se diante da nossa arrogância e de toda a ignorância que as cercam. Até com seu silêncio elas nos ensinam. Mas mesmo em meio a isso tudo, elas arrumam tempo pra sonhar. Pra se defender. Para cada dia estarem mais perto do dia em que a mulher terá enfim seu reconhecimento. Não é vitimismo. Não é uma guerra de egos. É simplesmente a batalha pelo direito fundamental da liberdade, e assim, como vários discriminados pelo mundo, poder sentir-se livre, segura e feliz ao andar pela rua, disputar uma vaga de emprego, pôr a roupa que quiser, cortar o cabelo, tatuar-se, fumar, beber, sorrir, chorar, dançar, amar, ser! Toda mulher quer ser. E elas são. Nós é que somos pequenos demais muitas vezes para percebermos a evolução da raça humana personificada no intelecto feminino. Mulheres que dão luz ao mundo, e recebem como gratidão o escuro da sombra do homem sobre elas. Dão a cara a tapa, muitas vezes literalmente, e não fogem da raia. Então a todas, primeiramente eu peço desculpa. Desculpa por um dia eu ter sido cego e ignorante. Desculpa por eu talvez não saber agradecer mais cedo o bem que trazem ao mundo. Desculpa pelo machismo, sim! Pois ele existe, e todos nós já fomos opressores. E em segundo lugar, meu muito obrigado por serem um exemplo de caráter, perseverança, resistência, luta, sobrevivência, evolução e humanidade. Pois são mais humanas que qualquer um, erram, acertam, vivem e alimentam seus sonhos a cada passo que andam. Muito Obrigado.
Yuri Cidade
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