Parado ali, isolado de si, eis me aqui divagando dúvidas que assolam meu intelecto. Não me desconecto nem um segundo. Acabam-se os cigarros, mas não acaba meu dia, e muito menos minha mente. Permaneço inquieto dentro de mim, porém exteriormente continuo com cara de paisagem feito um figurante de filme barato. Estagnado, e fazendo caras e bocas de aceitação. Ao meu redor apenas o ressoar do caos musical que vem dos jovens boêmios universitários. De frente pro risco, me atiro ao meio da sociedade e exponho minhas ideias sem medo da rejeição. Contemplo somente ao meu cérebro retilineamente acelerado, e faço do problema, a solução pros meus surtos criativos. Esqueço de qualquer conceito competitivo societário imposto pelos estreitos padrões de conduta aliciados em cada canal. Mergulho apenas no meu ser, e transcendo de tal forma que somente o fato de existir, me põe em êxtase com a alegoria. A sensação de amar cada molécula de si mesmo é indescritível. Exalto até mesmo meus defeitos, pois isto prova o quão humano sou. Em nenhum momento penso em ser outra pessoa. Procuro sempre afundar-me cada vez mais em mim, para assim poder compartilhar dos melhores sentimentos com o mundo ao meu redor. Não pensem que sou solitário ou individualista. Muito pelo contrário, pois o fato de pensar na coletividade me apresenta mais umas outras tantas faces de mim mesmo.Todas as mil faces de uma alma em queda-livre no abismo da criação. Feito a água de um rio que corre, exalando vida e participando ativamente do movimento terrestre. Linha após linha, preencho meus relatos com pura satisfação em interagir com o ambiente. Me abrir pro mundo, me abre a mim mesmo, e desta forma me conheço cada vez mais. Entre manias e razões, permaneço sendo o mesmo, porém mutando minha realidade a cada gole de ar que respiro. Sou simplório, porém ajo de forma complexa, iludindo a mim mesmo para existir para o restante do público. Apenas dei início à peça, mas não sei a hora que as cortinas cairão e darão fim meu espetáculo, em um tom de despedida e gratidão. Desde já, deixo uma reverência aos sete bilhões de artistas que habitam este planeta. Pois o mundo é um colossal teatro, onde imito a arte através da vida.
Yuri Cidade
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