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Foto do escritorYuri Cidade

Pecador assumido

Sucumbo ao pecado mesmo. Não nego e nem fico em cima do muro. Me recuso a pedir perdão pelo prazer, ao invés de dissolver meus joelhos perante a um santo. Me torno o Diabo que atormenta sua igreja. Sou o filho rejeitado, o anjo caído que tomou a perfeição como uma utopia totalmente entediante. Prefiro a geração terrestre com seus defeitos, todos os preceitos de provocar a própria queda do céu. Ao léu eu me encontro, e faço questão de desencontrar as regras que constituem o bem e o mal. Pois  às vezes o certo nem sempre é o bem, e o errado nem sempre é mal. Visceral, é o modo que vivo, fazendo daqueles que convivo, meros personagens de um conto a ser escrito. Sou omisso à oração, mas abençoado pelo simples fato de manter-me firme a mim, sem que qualquer outro ser tente infligir sobre minha existência tal influência. Carência? Só de saco, pois cansei de escutar todos esses macacos que trepam na cruz. O que me seduz? Seu lindo cérebro a me ler em total agonia, fazendo da minha angústia, tão sua quanto seus próprios medos. Nietzsche já diria: “Deus está morto”. No enrosco de teorias vagas, subo ao meu altar e apago as velas da hipocrisia de quem se ajoelha perante a Cristo, e crucifica seus irmãos que não comungam da mesma opinião na escadaria da igreja. Meu corpo, meu templo. Faço do tempo mero detalhe que oculta minha passagem. Aniquilo essa sina de que tudo tem fim, ou que vivemos por um fim prometido aqueles que sofrem e se humilham diante dos sacerdotes em seus tronos. Aos poucos, eu percebi que nada é tão fiel a deus, quanto o homem ao pecado, pois por todos os recintos religiosos, encontro opressores que desfrutam do bel-prazer de quem lhes sustenta. Me nego a ser fornecedor ou sugador de almas. Abraço o meu mundo como abraço minha doce e delicada dama, pois é na cama que expurgo meus demônios, sucumbindo ao seu sacrilégio supremo, me fazendo sentir cada vez mais vivo nos orgasmos de prazer. Sou o pior pesadelo de quem direciona sua existência além do tempo terrestre, pois feito a peste, contamino sua mente, lançando dúvidas do que existe realmente. Sou crente! Apenas em mim. Meu credo é meu espírito livre, de poder esfregar-me na lama até o pescoço. A vida é um poço sem fundo, um buraco negro que não vemos a luz. Bebei todos e comei, encham seus seres de todos os luxos necessários para sentirem-se vivos, pois é exatamente disso que somos feitos: prazer mundano e terreno. Nada mais sou do que o reflexo de todo ser humano que vive o livre arbítrio sem o revólver de Deus encostado em sua cabeça. Liberdade é ser escravo de si, e servir a si como quem serve ao senhor. Com toda a devoção me orgulho de ter dado vida a mim. Sou herege convicto. Criador e criatura habitando o mesmo corpo.

Yuri Cidade

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